domingo, 25 de outubro de 2009

A construção do conhecimento ou Fogo de Prometeu

Neste tema deverão focar os seguintes aspectos:
1. Conhecer a narrativa mítica sobre Prometeu (Referência à génese do conhecimento humano);

2. A percepção-fisiológica do sistema nervoso
    - Significado do "conhecer";
    - Órgãos sensoriais; meio
    - Crítica à "teoria da máquina fotográfica".

3. Genética
    - Genética; hereditariedade;
    - Clonagem (ovelha de Dolly);
    - Epigénese;
    - ADN; genes, cromossomas, genótipo, fenótipo, ovo;
    - Homem ->  programa genético aberto;

4. Correntes explicativas da origem do conhecimento
    - Empirismo;
    - Racionalismo;
    - Apriorismo;
    - Cepticismo;
    - Dogmatismo;
    - Criticismo;
    - Realismo;
    - Idealismo;

5. Construtivismo - Jean Piaget

6. Perigos e Desafios do Conhecimento

1. Conhecer a narrativa mítica sobre Prometeu (Referência à génese do conhecimento humano)



* Pai - Jápeto;
* Mãe - Ásia;
* Filho - Titá;
* Irmãos - Epimeteu, Atlas, Menoécio -> Titãs.

- Quando o grande Zeus derrubou seu pai, Cronos - como este, por sua vez, tinha derrubado seu pai, Urano, ele voltou-se contra a humanidade. Pretendia destruir a raça humana e começar tudo novamente. Mas foi despistado pelo esperto Prometeu. O nome Prometeu significa "premeditação" e, de todos os Titãs imortais, ele era o mais esperto.
Apesar de Prometeu ser imortal, foi um herói da humanidade, alguns até dizem que ele criou os homens a partir da argila e água. Prometeu deu aos seres humanos o dom precioso do pensamento e ensinou ao povo muitas artes e habilidades, tal como estudar as estrelas em sua órbitas, e como usá-las para navegar pelos mares.
Essa defesa da humanidade enraiveceu Zeus, e a sua raiva chegou ao ápice quando o Prometeu enganou os deuses para favorecer a humanidade. Prometeu abateu um boi, e o dividiu em duas partes, enroladas em couro. A porção maior continha apenas gordura e ossos; a menor tinha a carne. Prometeu designou a porção menor aos deuses, mas Zeus se queixou. Prometeu sorriu e disse: "Zeus, mais glorioso dos deuses, escolha o que quiser". É claro que Zeus escolheu a porção maior. Quando viu que tinha sido enganado, tirou o fogo da humanidade. "Deixe que comam carne crua", gritou. Mas Prometeu o enganou. Entrou no Olimpo, o lar dos deuses, roubou o fogo da carruagem do sol, e o levou para a terra, dentro de um talo de erva-doce. Então ele ensinou a humanidade como usar o fogo para cozinhar e manter o calor. Quando Zeus olhou para a terra e viu o brilho das fogueiras, caiu numa fúria terrível. Zeus vingou-se de maneira terrível de Prometeu e da humanidade por terem roubado o dom do fogo. Ele ordenou ao ferreiro coxo, Hefesto, que fizesse uma mulher de argila com a beleza de uma deusa imortal, mas que trouxesse azar para a humanidade. Todos os deuses lhe deram presentes, e a chamaram de Pandora, que quer dizer "cheia de dons". Zeus mandou Pandora de presente, não para o esperto Prometeu, mas para seu irmão idiota, Epimeteu, cujo nome significa "reflexão tardia". Prometeu tinha avisado seu irmão que não aceitasse nenhum presente de Zeus. Mas Epimeteu ficou tão encantado com a beleza de Pandora que a tomou como esposa. Epimeteu tinha ajudado seu irmão a distribuir muitos dons para a humanidade, e em sua casa tinha um vaso selado que continha os males da doença, velhice e vícios. Prometeu e Epimeteu tinham poupado a humanidade disso. Pandora não conseguia parar de imaginar o que havia naquele vaso, e um dia sua curiosidade foi demais. Ela abriu o selo. Do vaso saíram os maldições da humanidade, que enchem nossas vidas com sofrimento e infortúnio. Quando Pandora, em pânico, recolocou a tampa do vaso, uma coisa ainda ficou presa no fundo: Esperança, que a chamou. Pandora ouviu o choro triste e débil e soltou a Esperança no mundo para confortar a humanidade. Enquanto isso, Zeus planeava uma vingança ainda mais cruel para Prometeu. Zeus o condenou a ser amarrado em um rochedo nas montanhas, para sofrer com o sol escaldante e o frio gelado. E mais ainda, a cada dia uma águia com grandes asas ia bicar o seu fígado. Seu fígado crescia à noite, de forma que o tormento nunca acabava.
Mas Prometeu não desistia. apesar de devastado de agonia, zombou de Zeus, dizendo: "Sou o único Deus que sabe o segredo que vai lança-lo no esquecimento, como a seu pai antes de você. Terá de me soltar se quiser salvar-se." Pois Prometeu sabia que se Zeus fizesse amor com a ninfa marinha Tétis, como pretendia, ela teria um filho mais forte que o pai, e o reino de Zeus terminaria. Para descobrir esse segredo, Zeus finalmente permitiu que seu próprio filho, Hércules, libertasse Prometeu. Como retribuição pela liberdade, Prometeu avisou a Zeus sobre Tétis, e ela acabou casando-se com um mortal, o Rei Peleu. O filho deles foi Aquiles, um herói da Guerra de Tróia.

O Fogo: significa o conhecimento, a ousadia, a vontade de saber mais, coragem.

Nota: A permeditaçao é a estratégia, o planeamento e pensamento como base da acção.

- O poeta romântico alemão Goethe escreveu um pequeno poema de 8 estrofes sobre a lenda de Prometeu intitulado de Prometheus:

"Encobre o teu Céu ó Zeus

com nebuloso véu e,

semelhante ao jovem que gosta

de recolher cardos

retira-te para os altos do carvalho ereto

Mas deixa que eu desfrute a Terra,

que é minha, tanto quanto esta cabana

que habito e que não é obra tua

e também minha lareira que,

quando arde, sua labareda me doura.

Tu me invejas!

(...)
Eu honrar a ti? Por quê?

Livraste a carga do abatido?

Enxugaste por acaso a lágrima do triste?

(...)
Por acaso imaginaste, num delírio,

que eu iria odiar a vida e retirar-me para o ermo

por alguns dos meus sonhos se haverem

frustrado?

Pois não: aqui me tens

e homens farei segundo minha própria imagem:

homens que logo serão meus iguais

que irão padecer e chorar, gozar e sofrer

e, mesmo que forem parias,

não se renderão a ti como eu fiz"

- Goethe descreve um homem extraordinário, que se nega a venerar deuses ou estar sob submissão de alguém. A partir de então Prometeu ficou conhecido como uma importante figura no Romantismo. Pela negação à submissão divina, e por criar um personagem pronto para viver em liberdade sem nenhuma repressão, Goethe criou uma figura compatível com a ideologia de Karl Marx, que passou a considerar Prometeu como seu herói favorito. Além dos românticos, Prometeu também era um homem modelo de Marx.

Fontes de Informação:
-http://pt.wikipedia.org/wiki/Prometeu;
-http://www.geocities.com/Wellesley/Atrium/4886/prometeu.htm;
-Grimal , Pierre , Dicionário de Mitologia Grega e Romana, Lisboa: Difel, 1992;
-Eliade, Mircea, Aspectos do Mito, Lisboa: Edicções 70, 1986;
-Hamilton, Edith, A Mitologia, Lisboa: Publicações Dom Quixote,1979;
-Manual de Integração, Gala, Elisia, Área de Integrção - Lisboa Editora;
-Manual de Integração, Silva, Elsa e Mainhos, Rosa - Cursos Profissionais, Área de Integração, Plátano Editora.


2. A percepção - fisiológica do sistema nervoso

SISTEMA NERVOSO SENSORIAL
O Sistema nervoso sensorial é a parte do sistema nervoso responsável pela análise dos estímulos oriundos dos meios ambientes externo e interno ao organismo. As informações sensoriais são usadas para atender quatro grandes funções: percepção e interpretação, controle do movimento, regulação de funções de órgãos internos e a manutenção de consciência.
Neste capítulo, vamos dar ênfase ao estudo de como funcionam os órgãos sensoriais quando descodificam os diferentes estímulos físicos e químicos do ambiente em impulsos nervosos e como o SNC interpreta essas informações.
Ao analisar o ambiente, o sistema nervoso sensorial o faz detectando determinados aspectos do ambiente por meio de órgãos sensoriais específicos cujas informações são então processadas por vias neurais rotuladas. Assim, experimentamos modalidades sensações distintas (visão, audição, gustação etc) e suas submodalidades (intensidade, duração e localização etc). Outro aspecto do sistema sensorial é promover experiências sensoriais conscientes e inconscientes.

Organização do Sistema Nervoso Sensorial
A chave abaixo resume a organização do sistema nervoso sensorial:


Nos vertebrados, os neurónios sensoriais periféricos associados aos receptores têm o corpo celular localizado nos gânglios das raízes dorsais dos nervos espinhais e nos gânglios de alguns neurónios cranianos. Um nervo periférico pode conter fibras sensoriais de várias modalidades, cada uma conduzindo os respectivos impulsos gerados e descodificados nos receptores periféricos. No SNC, os neurónios funcionalmente relacionados formam cadeias de neurónios denominados de vias. Assim, do órgão receptor periférico (somático ou visceral) até o cérebro existe uma cadeia de neurónios relacionados com aquela modalidade sensorial e do mesmo modo, existem vias motoras especificas que inervam um determinado órgão efectuador. A via que traz as informações sensoriais para o SNC é denominada via aferente e a que o deixa, conduzindo os comandos motores para os órgãos efectuadores é denominada via eferente.
Uma via aferente é formada por:
um receptor (terminação nervosa sensível ao estímulo que caracteriza a via),
um trajecto periférico (nervo espinhal ou cranial e o seu respectivo gânglio sensitivo),
um trajecto central (outros neurónios centrais que processam a informação) e
uma área de projecção cortical (neurónios corticais que interpretam a informação)

Essa cadeia neuronal pode ser descrita tendo como referência os neurónios:


Neurónio I ou de Primeira ordem: localiza-se geralmente fora do SNC em um gânglio sensitivo, cujo prolongamento periférico está ligado aos receptores;
Neurónio II ou de Segunda ordem: localiza-se na coluna posterior da medula ou em núcleos dos nervos cranianos (excepção às vias ópticas e visuais) cujos axónios geralmente, cruzam o plano mediano e como consequência os estímulos originados num lado do corpo são projectados para o lado contralateral do tálamo;
Neurónio III ou de Terceira ordem: localiza-se no tálamo e origina axónio que chega ao córtex através da radiação talâmica (com excepção da via olfatória)
Neurónios IV ou de Quarta ordem: localiza-se no córtex sensorial cerebral.

Quando as informações sensoriais chegam ao SNC, podem ser imediatamente processadas no local, resultando na elaboração de comandos motores reflexos, bem como, serem retransmitidos para estações sinápticas mais cefálicas através de neurónios de projecção (neurónios II, III, por exemplo). De um modo geral, quando uma informação está sendo processada ao nível da medula e do tronco encefálico, as sensações e os reflexos são inconscientemente evocados. Já o processamento sensorial no tálamo e nos córtices cerebral, evoca sensações conscientes.


Campos de inervação
Campo receptivo corresponde à região que quando estimulada, evoca actividades dos neurónios sensitivos periféricos e centrais da via sensorial. Ao lado temos o campo receptivo do neurónio sensorial aferente que é mais restrito e o do neurónio secundário, mais abrangente incluindo todos aos campos unitários que convergem sobre ele.
Chamamos unidade sensitiva, a fibra sensitiva periférica e todas as suas ramificações nervosas associados aos receptores sensoriais. Por conseguinte, todos os receptores sensoriais de uma unidade sensitiva são todos de um só tipo.





Propriedade e mecanismo funcional dos neurônios sensoriais e grupos de neurônios
Em cada estação de retransmissão dos sistemas sensoriais, ou relês, o estímulo aferente é processado localmente por excitação e inibição, proporcionando diferentes níveis de análise.









Ao lado, um exemplo de como a origem espacial do estimulo aplicado na pele é discriminado. Para que uma estimulação puntiforme seja claramente localizada, o mecanismo de inibição lateral garante que os neurônios aferentes vizinhos não interfiram na detecção. Os neurônios inibitórios estão ativos quando o neurônio aferente não está sendo estimulado. Desta maneira, o neurônio sensorial secundário ignora informações deste campo receptivo, mas responde aos impulsos excitatórios da região estimulada. Assim uma maior nitidez na localização do estimulo se torna possível. Em cada relê de retransmissão este processo é mantido, garantido assim uma representação somatotópica no SNC.

Inibição descendente: Em quase todos os sistemas sensoriais ocorrem inibições sobre os próprios receptores bem como, sobre as vias aferentes, influenciado o nível de excitabilidade do canal sensorial.




Tálamo e Córtex Sensorial































O tálamo é a estação central de recebimento das informações sensoriais (com a exceção da via olfatória) e de retransmissão ao córtex cerebral. Situado no diencéfalo, pertencem-lhe os corpos geniculados lateral e medial e um grande número de outros núcleos. Os neurônios talâmicos estabelecem principalmente, conexões com o córtex e vice-versa, formando as radiações talâmicas. Do tálamo, várias projeções sensoriais se dirigem ao córtex, em regiões denominadas áreas sensitivas primárias. De modo geral, cada modalidade dos sentidos especiais tem uma área primária específica enquanto que as formas de sensibilidade geral somática convergem todas para uma área só. As áreas corticais primárias estão associadas a regiões adjacentes denominadas áreas corticais secundárias e associativas .
As vias sensoriais de cada modalidade evocam sensações especificas no córtex. Como estudaremos mais tarde, há uma outra via paralela pela qual as informações sensitivas são mediadas pelo tálamo e pelo córtex numa forma inespecífica que garante o nosso estado consciente e de alerta, mantendo-nos acordados.
Sensação corresponde à capacidade de os animais codificar certos aspectos da energia física e química do meio ambiente em impulsos nervosos.
Percepção é a capacidade de veicular os sentidos a outros aspectos da existência como comportamento e o pensamento. Por exemplo, o sentido da audição permite-nos detectar sons, mas é graças à capacidade de perceber os sons que podemos apreciar uma musica ou compreender a linguagem. A percepção é processada em um nível de complexidade neural muito maior do que a simples sensação; na espécie humana atingiu o nível mais alto e é o que torna o ser humano peculiar em relação a outras espécies. No entanto a qualidade perceptiva depende do nível de atenção do individuo: se você estiver tentando ler esse texto, mas está interessado em outra coisa ( como ouvir os diálogos na TV...) talvez tenha que lê-lo de novo para compreender o significado do conceito de percepção....




Modalidade, qualidade e estímulos sensoriais específicos
Sentido ou Modalidade: grupo de impressões sensoriais parecidas e evocadas por um determinado órgão sensorial:



Cada tipo de receptor está habilitado para informar o sistema nervoso apenas sobre determinados aspectos ou dimensão do meio ambiente, funcionando como um filtro sensorial e é altamente sensível ao estímulo que lhe é adequado. Assim os fotorreceptores são extremamente sensíveis a determinado espectro das ondas eletromagnéticas (luz visível) e não as ondas mecânicas sonoras.
Dentro de cada modalidade sensorial é possível distinguir diversas qualidades. Por exemplo, dentro do sentido da visão, as suas qualidades são: luminosidade, visão colorida, dentro da gustação, as sensações qualitativas são doce, salgado, amargo e ácida. Desse modo o sistema sensorial avalia vários aspectos de uma mesma modalidade.
Mas é no cérebro que a percepção consciente das informações ocorre assim como a sua interpretação. As diferentes modalidades sensoriais enviam as respectivas informações sensoriais para áreas especificas do córtex sensorial e ocorre a constituição completa do meio ambiente. Quando enxergamos um sorvete de morango o reconhecemos e associamos a ele, o sabor, cheiro, temperatura, consistência física, etc. Esse aspecto de focar a atenção deve ser extremamente importante se levarmos em conta num contexto em que uma presa deve escolher rapidamente entre manter a atenção em seu alimento ou no predador que se aproxima....

Além das modalidades, os sentidos propiciam outras informações a cerca do ambiente
De fato, o sistema sensorial provê não só a qualidade da informação como também:

a) a localização espacial da fonte estimuladora: podemos discriminar se os sons vêm à nossa esquerda ou a direita, se aproximam ou se distanciam de nós. Através da visão podemos nos situar no espaço e discriminar os objetos ou ainda através do sentido somestésico discriminar que parte do corpo se move ou está sendo estimulada
b) a determinação da intensidade: identificamos o volume sonoro como a s mudanças no brilho dos objetos
c) a determinação da duração: sabemos quando começa e termina uma estimulação ou a sua variação de intensidade.

Classificação dos receptores sensoriais
A principio, há dois tipos de receptores sensoriais: os neurônios sensoriais periféricos que tem em sua extremidade periférica uma estrutura modificada para a detecção dos estímulos ou células sensoriais epiteliais associados a um neuroepitélio.
Os receptores sensoriais podem converter os estímulos físicos e químicos do ambiente em impulsos elétricos e funcionam como transdutores de energia. Através dos prolongamentos periféricos dos neurônios aferentes as informações sensoriais são conduzidas para o SNC. E somente no SNC, é que esta informação será percebida e interpretada.


Os receptores são classificados em função de três critérios:
1) de acordo com a sua morfologia
Receptores especiais: estão associados a um neuroepitélio e fazem parte dos órgãos dos sentidos especiais (visão, olfação, gustação audição e equilíbrio), todos localizados na cabeça. Possuem células receptoras especializadas não nervosas (células sensoriais secundárias) associadas às células nervosas propriamente ditas (células sensoriais primárias).
Receptores gerais: ocorrem em todo o corpo, principalmente na pele e são menos complexos na estrutura podendo ser classificado em dois tipos: receptores livres e receptores encapsulados . Estes não possuem células sensoriais secundárias.

2) de acordo com a localização da fonte estimuladora
Exteroceptores: localizados na superfície do corpo, são ativados por estímulos externos ao corpo como luz, som, pressão, etc.
Proprioceptores: localizados em nos tecidos mais profundos do corpo como músculos, cápsulas articulares, tendões, ligamentos, são ativados por vários estímulos mecânicos.
Interoceptores (=vísceroceptores): localizam-se nos vasos e órgãos cavitários do corpo.
Baseado neste critério é fácil perceber que os proprioceptores e exteroceptores são responsáveis pelas sensações somáticas e os interoceptores, pelas sensações viscerais. E ainda, as sensações viscerais e proprioceptivas e interoceptivas são também consideradas como profundas e as evocadas pelos exteroceptores de superficiais.

3) de acordo com o estímulo mais apropriado. Dado que os receptores respondem mais especificamente a determinados estímulos funcionando como filtros seletivos e específicos, os receptores podem ser classificados: fotorreceptores, glicorreceptores, eletrorreceptores, etc.

Mecanismos de transdução sensorial
Denomina-se estimulação sensorial o processo em que uma modalidade de energia do ambiente interage com um receptor sensorial apropriado. Observe a figura ao lado: quando um estímulo atinge a região receptora (R), é gerada uma alteração no potencial de membrana semelhante ao PEPS de baixa voltagem que neste caso é denominado potencial receptor (PR). Se a propagação eletrotônica desta atividade chegar até a zona de gatilho e atingir o potencial limiar para desencadear o PA, o impulso nervoso será enviado ao SNC. Como o PR é um fenômeno graduado à semelhança dos potenciais pós-sinapticos, quanto maior o estímulo, maior será a amplitude de sua resposta e maior será a freqüência de descargas dos PA na fibra aferente. A membrana dos diferentes receptores sensoriais possui mecanismos altamente específicos que convertem os estímulos em PR. Esses estímulos físicos ou químicos abrem ou fecham canais iônicos específicos causando ou interrompendo fluxos iônicos e como conseqüência, mudanças temporais no potencial de membrana do receptor.

Limiar sensorial e impressão sobre a intensidade do estímulo

A variação na intensidade do estímulo resulta na percepção quantitativa da impressão sensorial. Denomina-se estímulo limiar a menor intensidade de estímulo capaz de produzir uma reação sensorial. Além de qualidade e quantidade dos estímulos, a percepção sensorial resulta também em uma definição temporal do estímulo como, por exemplo, a duração e taxa de variação de um determinado estímulo. Finalmente, outro aspecto importante é que o sistema sensorial é capaz de detectar a origem dos estímulos sensoriais (localização) e informar-nos sobre a nossa posição no espaço e nos fornecer informações sobre o nosso mapa corporal.
A duração de uma sensação depende das propriedades do receptor. Se um determinado estímulo persiste por muito tempo, com o tempo ficamos com a sensação de que ele diminui ou desapareceu. Esta propriedade é denominada de adaptação. Há dois tipos de receptores sensoriais quanto à capacidade de adaptação:
Receptores tónicos ou de adaptação lenta são aqueles cujo potencial receptor é mantido enquanto durar o estímulo e, por conseguinte, são adequados para realizar a análise de intensidade do estímulo. Por exemplo, se você aplicar uma pressão leve sobre a pele, perceberá a presença do estímulo enquanto ela dura; se aumentar a intensidade da pressão, continuará percebendo não só o aumento na intensidade do estímulo como também a sua duração.
Receptores fásicos ou de adaptação rápida que se adaptam rapidamente ao estímulo, ie, se o estímulo persistir por muito tempo, os potenciais receptores não serão mais gerados, bem como, os PA nas fibras aferentes primárias. A sensação detectada é de aparente ausência de estímulo. Podemos exemplificar esta propriedade através da resposta dos mecanorreceptores da pele que se adaptam à constante presença da roupa que vestimos.

Fisiologia/Sistema nervoso

O sistema nervoso central humano e suas partes: (1) cérebro – (2) sistema nervoso central – (3) espinha dorsal.

A presença de um sistema nervoso é característica própria dos animais. Os principais tipos celulares encontrados no Sistema nervoso são os neurónios e a glia. Os neurónios interconectam-se pelas chamadas sinapses e através destas, são capazes de enviar e receber impulsos de natureza eléctrica. As células gliais são responsáveis por funções que vão desde servirem como suporte físico para os neurónios até a secreção factores que são extremamente importantes para o desenvolvimento e manutenção do Sistema Nervoso. Dentre as funções do Sistema Nervoso, destacam-se: a manutenção da homeostase do organismo, a expressão de comportamentos como sono e vigília, a memória, a percepção do meio ambiente, a coordenação de movimentos, os sentidos.
A Teoria da Máquina Fotográfica

O realismo ingénuo ou teoria da câmara fotográfica explica o modo como vemos o mundo. Supõe que as percepções sensoriais são registos directos da realidade, isto é, acredita ingenuamente que o mundo que percebemos corresponde fielmente ao mundo que existe, ao mundo real.
No entanto, esta teoria é criticada por muitos filósofos para quem a mente não se limita a registar uma imagem exacta do mundo, antes cria a sua própria representação do mundo (o mundo percebido por nós).
Temos várias razões para acreditar que o mundo que percepcionamos através dos sentidos não corresponde fielmente à realidade (a física mostra-nos que o mundo é composto por partículas, por campos electromagnéticos e por espaços vazios, mas nós não o percepcionamos deste modo, e sim como um todo).
Neste sentido, há uma diferença qualitativa entre o mundo real, e o mundo percebido por nós, já que é uma interpretação do sujeito (individual e influenciada pelas nossas experiências passadas, pelas vivências, interesses, etc.). Por este motivo, fazemos a distinção entre dois processos distintos mas indissocáveis: a sensação e a percepção.
Sensação é:
- processo fisiológico de ligação do organismo com o meio
- espécie de apreensão isolada das qualidades dos objectos
- primeiro contacto com a realidade
- é a base da percepção; fornece-lhe os dados ou informações de que necessita

Percepção é:
- configuração e organização dos elementos fornecidos pela sensação = interpretação da informação sensorial
- a integração dos novos dados nas nossas experiências e vivências passadas
- uma construção individual
- uma visão da realidade
- atribui significados ao meio

A percepção é influenciada por:
-aprendizagens e conheicmentos anteriores
- experiências passadas
- motivações
- aptidões
- e até personalidade.

Importa sublinhar que sensação e percepção não são níveis de conhecimento separados; a sensação, enquanto primeiro momento de contacto com a realidade e de recolha de informação está já ligada à percepção, isto é, não temos sensações que não sejam logo percepções.
As ilusões ópticas, como as que se seguem mostram como o processo de interpretação das sensações, ou seja, a percepção, atribui um significado aos estímulos e à informação exterior "deturpando-a" e não nos deixando ver as coisas na sua essência.

A PERCEPÇÃO INTER-PESSOAL
Não somos máquinas fotográficas, nem gravadores. Não absorvemos com os nossos olhos exactamente aquilo que está "ali". Respondemos constantemente a pistas que têm significado para nós; vemos aquilo que queremos ou necessitamos ver para nos defendermos ou prosseguirmos com os nossos objectivos.
Da mesma forma, não vemos as pessoas como elas são, vê-mo-las pelo que elas significam para nós. Se considerarmos o modo como compreendemos o mundo em que vivemos e, particularmente, os aspectos que têm a ver connosco e com as nossas relações com outras pessoas, podemos constatar que:
Organizamos o mundo de acordo com conceitos ou categorias (por exemplo, dizemos que uma coisa é fria ou quente, boa ou má, simples ou complexa,etc.). Cada um destes conceitos pode ser considerado uma dimensão ao logo da qual nós podemos colocar os acontecimentos do mundo, alguns mais próximos de um dos extremos, outros do outro.

3. Genética..................(Cientistas Loucos =P)

O QUE É A GENÉTICA?

  • Genética (do grego genno; fazer nascer) é a ciência dos genes, da hereditariedade e da variação dos organismos. Ramo da biologia que estuda a forma como se transmitem as características biológicas de geração para geração.
A HEREDITARIEDADE:

  • Em genética, hereditariedade é o conjunto de processos biológicos que asseguram que cada ser vivo receba e transmita informações genéticas através da reprodução.

  • A informação genética é transmitida através dos genes, porções de informação contida no DNA dos indivíduos sob a forma de sequências de nucleótidos. Existem dois tipos de hereditariedade: específica e individual. A hereditariedade específica é responsável pela transmissão de agentes genéticos que determinam a herança de características comuns a uma determinada espécie. A hereditariedade individual designa o conjunto de agentes genéticos que actuam sobre os traços e características próprios do indivíduo que o tornam um ser diferente de todos os outros.

  • A hereditariedade dá-nos a potencialidade, estabelecendo os limites dentro dos quais responderemos às influências do ambiente ou meio (intra e extra-uterino), mas cabe-nos a nós traçar o nosso destino. Exemplificando: durante a gravidez, as condições psicológicas da mãe, bem como o tipo de alimentação e o eventual consumo de bebidas alcoólicas ou de substâncias tóxicas, irão influir no desenvolvimento do feto; uma pessoa que tenha tendência para ganhar peso pode vir a tornar-se obesa ou não. Tudo dependerá do seu comportamento, da determinação da sua vontade em praticar exercício ou em seguir uma dieta adequada à sua natureza e benéfica para a sua saúde.
MECANISMOS DE TRANSMISSÃO DE HEREDITÁRIA:

  • Muitos aspectos da forma do corpo, do funcionamento dos órgãos e dos comportamentos dos animais e dos seres humanos são transmitidos por hereditariedade. Muitas das nossas características, quer em termos da nossa constituição física, quer em termos do nosso comportamento, são herdadas, já nascem connosco.
    Cromossomas, ADN e genes são os agentes responsáveis pela transmissão das características genéticas.


CROMOSSOMA:

  • Um cromossoma ou cromossoma é uma longa sequência de DNA, que contém vários genes, e outras sequências de nucleótidos (nucleotídeos) com funções específicas nas células dos seres vivos.

Legenda: Cromossoma. (1) Cromatídeo. Cada um dos dois braços idênticos dum cromossoma depois da fase S. (2) Centrómero. O ponto de ligação de dois cromatídeos, onde se ligam os microtúbulos. (3) Braço curto. (4) Braço longo.


GENE:





Gene: É um segmento de DNA organizado em nucleótidos com uma sequência própria. São segmentos de cromossomas com um código próprio que contêm informação para produzir determinada característica/substância.


ADN:






ADN é um longo polímero de unidades simples (monómeros) de nucleotídeos, cujo cerne é formado por moléculas de açúcares e fosfato intercalados unidos por ligações fosfodiéster.


O QUE É CLONAGEM?

  • É a produção de indivíduos geneticamente iguais. É um processo de reprodução assexuada que resulta na obtenção de cópias geneticamente idênticas dum mesmo ser vivo – microrganismo, vegetal ou animal. É um procedimento científico mediante o qual se visa usar o material genético de um organismo para obter outro organismo.

RISCOS:

  • A possibilidade de comprometer a individualidade;

  • A perda de variabilidade genética;

  • Envelhecimento precoce;

  • Grande número de anomalias;

  • Lesões hepáticas, tumores, baixa imunidade;

  • Um mercado negro de fetos pode surgir, de doadores "desejáveis" que queiram clonar-se a eles próprios, como estrelas de cinema, atletas entre outros;

  • A tecnologia não está ainda bem desenvolvida, tendo uma baixa taxa de fertilidade (para clonar a Dolly foram precisos 277 ovos, 30 começaram a dividir-se, 9 induziram a gravidez e apenas 1 sobreviveu);

  • Os clones poderão ser alvo de discriminação por parte da sociedade;

  • Os clones poderão estar sujeitos a problemas psicológicos desconhecidos, com impacto na família e na sociedade.

  • Esta temática da clonagem poderá contribuir, de certa forma, para o aumento da população mundial, o que significa que, se a clonagem começar a ser realizada, os recursos naturais poderão começar a esgotar-se ainda mais rapidamente, pois as pessoas serão em maior número e os recursos manter-se-ão ou diminuirão de quantidade.


A OVELHA DOLLY:

  • Para clonar a Dolly foram precisos 277 ovos, 30 começaram a dividir-se, 9 induziram a gravidez e apenas 1 sobreviveu.

  • Porém, enquanto que a maior parte das ovelhas vive entre o 11 e o 12 anos, Dolly morreu com 6 anos e meio após ter começado a manifestar doenças frequentemente associadas à velhice, a partir da idade de cinco anos e meio.
PROCESSO DE CLONAGEM DA OVELHA DOLLY (imagem):
O QUE É UM PREFORMISMO E EPIGÉNESE?

  • Preformismo é a tese que defende que o nosso desenvolvimento individual está predeterminado devido á programação que tem no seu código genético.

  • Epigénese é outra tese que segundo a qual o desenvolvimento do indivíduo ocorre pela mútua acção da genética e do meio ambiente, isto é, dos elementos que, nos planos fisiológico, sensitivo e sociocultural, influenciaram o desenvolvimento de cada indivíduo.
O QUE É FENÓTIPO E GENÓTIPO?

  • Fenótipo são as características observáveis ou caracteres de um organismo como, por exemplo: morfologia, desenvolvimento, propriedades bioquímicas ou fisiológicas e comportamento. O fenótipo resulta da expressão dos genes do organismo, da influência de factores ambientais e da possível interacção entre os dois.

  • Genótipo são as informações hereditárias de um organismo contidas em seu genoma. Nem todos os organismos com um mesmo fenótipo parecem ou agem da mesma forma, porque a aparência e o comportamento, assim como os demais componentes do fenótipo, são modificados por condições ambientais e de desenvolvimento.
Um único genótipo correspondente a uma infinidade de potenciais fenótipos, porque genótipo é um conjunto de genes constituídos do património hereditário de cada indivíduo, por sua vez fenótipo é um conjunto das características físicas e psicológicas de uma pessoa, resultantes da interacção do genótipo com o meio ambiente (experiências, educação), que pode intervir de forma positiva ou negativa.
O HOMEM CARACTERIZA-SE POR UM PROGRAMA GENÉTICO ABERTO:

  • Programas genéticos abertos: a afirmação da existência de programa genético para os seres humanos só é aceitável se o concebermos como um programa aberto, isto é, susceptível de se adaptar às influências do meio ambiente. O homem é considerado uma unidade biopsicosociocultural uma vez que as suas capacidades biológicas necessitam de um meio que lhes permita a realização dinâmica e de uma estrutura psicológica que lhes dê significação, dando-lhe possibilidades de adaptação a circunstâncias novas e desafiadores no meio.

  • O Homem é um ser biologicamente inacabado: o facto de ao nascer não apresentar as suas características desenvolvidas vai constituir uma vantagem, já que, vai possibilitar uma maior capacidade para aprender e para se desenvolver no contexto do seu ambiente, da sua cultura. Por outras palavras, esta prematuridade explica por que razão a infância e adolescência humanas são tão longas: é o período de acabamento do processo de desenvolvimento que decorreu na vida intra-uterina. O prolongamento destes períodos biológicos – juvenilização – é uma condição essencial para a sobrevivência e adaptação da espécie. Um exemplo real que realça as vantagens do incabamento biológico do ser humano é o facto do desenvolvimento do cérebro – cerebralização – se processar de uma forma lenta – lentificação -, conferindo-lhe maior flexibilidade/plasticidade. Assim, este retardamento ontogénico é favorável à aptidão para aprender, ao desenvolvimento intelectual e cerebral, à impregnação e, portanto, à transmissão cultural. O homem nasce com uma programação básica – biológica – ,mas o estatuto de “humano” só é atingido através da aprendizagem, cujo processo resulta em grande parte das vantagens do inacabamento, da prematuridade do Homem.
OVO:

  • Célula primeira resultante da fecundação de um óvulo pelo espermatozóide, que se dividirá sucessivamente em novas células até formar a totalidade do organismo.
FONTES:

4. Correntes explicativas da origem do conhecimento- (....)


Apriorismo

O indivíduo conhece porque já tem em si o conhecimento. A concepção de conhecimento que acredita que se conhece já se traz algo, ou inato ou programado na bagagem hereditária, para amadurecer mais tarde, em etapas previstas. Os aprioristas são todos aqueles que pensam que o conhecimento acontece em cada indivíduo porque ele já traz, em seu sistema nervoso, o programa pronto. O mundo das coisas ou dos objectos tem função apenas subsidiária: abastece, com conteúdo, as formas existentes a priori (determinadas previamente).

Comentarios dos professores que caracteriza:

- “Ninguém pode transmitir. É o aluno que aprende."

- " Ah! isso é difícil, porque acho que ninguém pode ensinar ninguém; pode tentar transmitir, pode tentar mostrar.

- " Acho que a pessoa aprende praticamente por si."

- "O conhecimento para a criança (...) é intuitivo, não se ensina, não se transmite"

- " O conhecimento é alguma coisa que a gente tenta despertar no aluno."

Se a epistemologia do professor for apriorista, ele tenderá a subestimar o tremendo poder de determinação que as estruturas sociais, em particular a linguagem, tem sobre o indivíduo. Conceberá esse indivíduo como um semideus que já trazem toda a sabedoria ou, pelo menos, o seu embrião. É claro que, inconscientemente, aceitará que só certos estratos sociais tenham tal privilégio: os não índios, os não negros, os não pobres etc.


Cepticismo

Cepticismo (derivado do verbo grego σκέπτομαι, transl. sképtomai, "olhar à distância", "examinar", "observar") é a doutrina que afirma que não se pode obter nenhuma certeza a respeito da verdade, o que implica numa condição intelectual de dúvida permanente e na admissão da incapacidade de compreensão de fenómenos metafísicos, religiosos ou mesmo da realidade. O termo originou-se a partir do nome comum dado a uma corrente filosófica originada na Grécia Antiga.
O cepticismo costuma ser dividido em duas correntes:

§ Cepticismo filosófico - uma postura filosófica em que pessoas escolhem examinar de forma crítica se o conhecimento e percepção que possuem são realmente verdadeiros, e se alguém pode ou não dizer se possui o conhecimento absolutamente verdadeiro;

§ Cepticismo científico - uma postura científica e prática, em que alguém questiona a veracidade de uma alegação, e procura prová-la ou desaprová-la usando o método científico.



Criticismo

Criticismo tem origem no alemão Kritizismus, representa em filosofia a posição metodológica própria do kantismo. Caracteriza-se por considerar que a análise crítica da possibilidade, da origem, do valor, das leis e dos limites do conhecimento racional constituem-se no ponto de partida da reflexão filosófica. Doutrina filosófica que tem como objecto o processo pelo qual se estrutura o conhecimento. Estabelecida pelo filósofo alemão Immanuel Kant, a partir das críticas ao empirismo e ao racionalismo.
As teorias do conhecimento que se desenvolveram na Antiguidade e na Idade Média não colocavam em dúvida a possibilidade de conhecer a realidade tal qual ela é. Contudo as influências do Renascimento levaram, a partir do século XVII, ao questionamento da possibilidade do conhecimento, dando, nas respostas ensaiadas, origem às teorias empiristas e racionalistas. Kant supera essa dicotomia, concluindo que o conhecimento só é possível pela conjunção das suas fontes: a sensibilidade e o entendimento. A sensibilidade dá a matéria e o entendimento as formas do conhecimento. O criticismo kantiano tinha como objectivo principal a critica das faculdades cognitivas do homem, no sentido de conhecermos os seus limites. Em consequência dessa «critica», foi levado à negação da possibilidade de a razão humana conhecer a essência das coisas.
Assim, em sentido geral, merece a denominação de criticismo a postura que preconiza a investigação dos fundamentos do conhecimento como condição para toda e qualquer reflexão filosófica. Segundo esta posição, a pergunta pelo conhecer deve ter primazia sobre a pergunta acerca do ser, uma vez que, sem aquela, não se pode garantir com segurança sobre que base a questão do ser está a ser afirmada. Levado às suas últimas consequências, o criticismo pode ser encarado como uma atitude que nega a verdade de todo conhecimento que não tenha sido, previamente, submetido a uma crítica de seus fundamentos. Neste sentido, o criticismo aproxima-se do cepticismo, por pretender averiguar o substrato racional de todos os pressupostos da acção e do pensamento humanos. Devemos referir que tal como o dogmatismo o criticismo acredita na razão humana e confia nela. Mas ao contrário do dogmatismo, o criticismo "pede contas à razão".
Em sentido restrito, o criticismo é empregue para denominar uma parte da filosofia kantiana (aquela que diz respeito à questão do conhecimento). Esta propõe-se investigar as categorias ou formas a priori do entendimento. A sua meta consiste em determinar o que o entendimento e a razão podem conhecer, encontrando-se livres de toda experiência, bem como os limites impostos a este conhecimento pela necessidade de fazer apelo à experiência sensível para conhecermos. Este projecto pretende fundamentar um pensamento metafísico de carácter não dogmático. Entre o cepticismo e o dogmatismo, o criticismo kantiano instaura-se como a única possibilidade de repensar as questões próprias à metafísica.
Dogmatismo
De um modo geral, o dogmatismo é uma espécie de fundamentalismo intelectual. Os dogmas expressam verdades certas, indubitáveis e não sujeitas a qualquer tipo de revisão ou crítica. Deve-se ao filósofo alemão Immanuel Kant (1724 - 1804) e à obra Crítica da Razão Pura o significado filosoficamente pejorativo do termo. Dogmatismo é umas atitudes naturais e espontâneas que temos desde criança. É nossa crença de que o mundo que existe é exactamente da forma como o percebemos.
O sentido filosófico do termo dogmatismo é diferente do usado na religião. Nesta última, o dogmatismo é o conjunto de dogmas teológicos, isto é, de expressões bíblicas ou pertencentes à hierarquia mais alta da Igreja absolutamente indubitáveis.
Em contrapartida, o vocábulo dogma do grego δόγμα (dogmatikós, em grego moderno) significou primitivamente oposição teórica. Tratando-se assim de uma opinião filosófica, isto é, algo que se referia aos princípios. Por isso, o termo dogmatismo significava "relativo a uma doutrina" ou "fundado em princípio".
Com o decorrer dos séculos, o dogmatismo começou a ser percebido como a posição filosófica defendendo que as verdades absolutas existem. Os filósofos que insistiam demasiado nos princípios metafísicos acabavam por não prestar atenção aos factos ou argumentos que pudessem pôr em duvida esses princípios. Esses filósofos não consagravam o principal da sua actividade à observação ou exame, mas sim à afirmação. Foram por isso chamados filósofos dogmáticos, ao contrário dos filósofos examinadores ou cépticos.
Com tudo isto, o dogmatismo pode entender-se principalmente em três sentidos:

1) Como a posição própria do realismo, ou seja, disposição ingénua que admite não só a possibilidade de conhecer as coisas no ser verdadeiro mas também a efectividade deste conhecimento no uso diário e directo com as coisas.
2) Como confiança absoluta num determinado órgão de conhecimento (ou suposto conhecimento), principalmente a razão.
3) Como a completa submissão, a determinados princípios ou à autoridade que os impõe ou revela. Em geral, é uma atitude adoptada no problema da possibilidade do conhecimento e portanto compreende as duas primeiras acepções. Contudo, a ausência do exame crítico revela-se também em certas formas de cepticismo e por isso diz-se que certos cépticos são, a seu modo, dogmáticos. O dogmatismo absoluto do realismo ingénuo não existe propriamente na filosofia, que começa sempre com a pergunta acerca do ser verdadeiro e, portanto, procura este ser mediante um exame crítico da aparência. Isso acontece não só no chamado dogmatismo dos primeiros pensadores gregos, mas também no dogmatismo racionalista do século XVIII, que desemboca numa grande confiança na razão, embora a submeta a algumas críticas.


Empirismo

Na filosofia, Empirismo é um movimento que acredita nas experiências como únicas (ou principais) formadoras das ideias, discordando, portanto, da noção de ideias inatas.



Já que empírico é um tipo de conhecimento "enciclopédico" fundamentado noutros, consagradamente notáveis, porem conflituantes com inéditos cuja base é cientifica.



Na ciência, o empirismo é normalmente utilizado quando falamos no método científico tradicional (que é originário do empirismo filosófico), o qual defende que as teorias científicas devem ser baseadas na observação do mundo, em vez da intuição ou da fé, como lhe foi passado.



O termo tem uma etimologia dupla. A palavra latina experientia, de onde deriva a palavra "experiência", é originária de uma expressão grega... Por outro lado, deriva-se também de um uso mais específico da palavra empírico, relativo aos médicos cuja habilidade derive da experiência prática e não da instrução da teoria.

Empirismo na ciência

Um conceito capital na ciência e no método científico é que toda evidência deve ser empírica, isto é, depende da comprovação feita pelos sentidos. Geralmente, são empregados termos que o diferenciam do empirismo filosófico, como o adjectivo empírico, que aparece em termos como método empírico ou pesquisa empírica, usado nas ciências sociais e humanas para denominar métodos de pesquisa que são realizados através da observação e da experiência (por exemplo, o funcionalismo).



Em um outro sentido, a palavra pode ser usada na Ciência como sinónimo de "experimental". Nesse sentido, um resultado empírico é uma observação experimental. O termo semi-empírico é usado em situações parecidas, já que designa métodos teóricos que empregam leis científicas pré-estabelecidas e só depois se utilizam da experiência. Através disso, o corpo teórico se reforça.



Empirismo na filosofia


A doutrina do empirismo foi definida explicitamente pela primeira vez pelo filósofo inglês John Locke no século XVII. Locke argumentou que a mente seria, originalmente, um "quadro em branco" (tabula rasa), sobre o qual é gravado o conhecimento, cuja base é a sensação. Ou seja, todas as pessoas, ao nascer, o fazem sem saber de absolutamente nada, sem impressão nenhuma, sem conhecimento algum. Todo o processo do conhecer, do saber e do agir é aprendido pela experiência, pela tentativa e erro.



Historicamente, o empirismo se opõe a escola conhecida como racionalismo, segundo a qual o homem nasceria com certas ideias inatas, as quais iriam "aflorando" à consciência e constituiriam as verdades acerca do Universo. A partir dessas ideias, o homem poderia entender os fenómenos particulares apresentados pelos sentidos. O conhecimento da verdade, portanto, dependeria dos sentidos físicos.



Alguns filósofos normalmente associados com o empirismo são: Aristóteles, Tomás de Aquino, Francis Bacon, Thomas Hobbes, John Locke, George Berkeley, David Hume e John Stuart Mill. Embora no geral seja relacionado com a teoria do conhecimento, o empirismo, ao longo da história da filosofia, teve implicações na lógica, filosofia da linguagem, filosofia política, teologia, ética, dentre outros ramos.

Idealismo

Tendência filosófica que reduz toda a existência ao pensamento. Opõe-se ao realismo, que afirma a existência dos objectos independentemente do pensamento. No idealismo absoluto, o ser é reduzido à consciência. Ao longo da história da filosofia, ele aparece sob formas menos radicais -não nega categoricamente a existência dos objectos no mundo, mas reduz o problema à questão do conhecimento. O idealismo toma como ponto de partida para a reflexão o sujeito, não o mundo exterior.

O idealismo metódico de Descartes é uma doutrina racionalista que, colocando em dúvida todo o conhecimento estabelecido, parte da certeza do pensar para deduzir, por meio da ideia da existência de Deus, a existência do mundo material. O idealismo dogmático surge com George Berkeley (1685-1753), que considera a realidade do mundo exterior justificada somente pela sua existência anterior na mente divina ou na mente humana. Para ele, "ser é ser percebido".



Immanuel Kant formula o idealismo transcendental, no qual o objecto é algo que só existe em uma relação de conhecimento. Ele distingue, portanto, o conhecimento que temos dos objectos, sempre submetidos a modos especificamente humanos de conhecer, como as ideias de espaço e tempo, dos objectos em si, que jamais serão conhecidos. Na literatura, o romantismo adopta boa parte dessas ideias.



Racionalismo

O racionalismo é a corrente filosófica que iniciou com a definição do raciocínio que é a operação mental, discursiva e lógica. Este usa uma ou mais proposições para extrair conclusões se uma ou outra proposição é verdadeira, falsa ou provável. Essa era a ideia central comum ao conjunto de doutrinas conhecidas tradicionalmente como racionalismo.



Racionalismo é a corrente central no pensamento liberal que se ocupa em procurar, estabelecer e propor caminhos para alcançar determinados fins. Tais fins são postulados em nome do interesse colectivo (commonwealth), base do próprio liberalismo e que se torna assim, a base também do racionalismo. O racionalismo, por sua vez, fica à base do planeamento da organização económica e espacial da reprodução social.



O postulado do interesse colectivo elimina os conflitos de interesses (de classe, entre uma classe e seus membros e até de simples grupos de interesse) existentes em uma sociedade, seja em nome do princípio de funcionamento do mercado, seja como princípio orientador da acção do Estado. Abre espaço para soluções racionais a ‘problemas’ económicos (de alocação de recursos) ou urbanos (de infra-estrutura, da habitação, ou do meio ambiente) com base em soluções técnicas e eficazes.

Os quatro métodos:

O primeiro método era o de jamais acolher alguma coisa como verdadeira que eu não conhecesse evidentemente como tal; isto é, de evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção, e de nada incluir em meus juízos que não se apresente tão clara e tão distintamente a meu espírito, que eu não tivesse nenhuma ocasião de pô-lo em dúvida.



O segundo método era o de dividir cada uma das dificuldades que eu examinasse em tantas parcelas quantas possíveis e quantas necessárias fossem para melhor resolvê-las.



O terceiro método era o de conduzir por ordem meus pensamentos, começando pelos objectos mais simples e mais fáceis de conhecer, para subir, pouco a pouco, como por degraus, até o conhecimento dos mais compostos, e supondo mesmo uma ordem entre os que não se precedem naturalmente uns aos outros.



O quarto método era o de fazer em toda parte enumerações tão completas e revisões tão gerais, que eu tivesse a certeza de nada omitir." (Descartes, René).



Realismo

A designação de Realismo aplicado a um grupo de artistas correspondeu só até certo ponto aos resultados alcançados. Até 1848, assiste-se a um período de formação das ideias e das práticas. A partir desta data começa a impor-se ideológica e esteticamente. Mas só após 1855-56 se definirá um programa teórico. Contudo, os artistas denominados como realistas nunca se constituíram como grupo formal.

O termo foi pela primeira vez utilizado (depreciativamente, como quase sempre aconteceu nestes "baptismos") em 1833 pelo crítico Gustave Planche.

O REALISMO propunha-se reagir pela observação objectiva dos objectos e das situações, contra os excessos da imaginação e da literatura na arte romântica. Os seus princípios eram o de REPRESENTAR A REALIDADE, não importando que o assunto fosse bonito ou feio, nobre ou trivial.Representavam a vida moderna (como reclamam Baudelaire e Thoré), nas cidades (Daumier) e nos campos (Courbet, Millet, Breton). Abriram caminho a Manet, Degas e aos impressionistas, que preferirão a vida urbana. Os realistas de segunda geração representaram essencialmente o mundo operário.

Foram influenciados pela FILOSOFIA POSITIVISTA de August Comte e Taine, pelas ideias de progresso científico e técnico e pelas ideias socialistas e republicanas.

O Movimento Realista não atingiu homogeneidade. Em comum existia uma vontade de romper com a hierarquia académica dos géneros, com a supremacia da pintura histórica e com o idealismo convencional, muito apreciada na altura e cujos artistas eram adulados. No resto, pouco os associava.

Reuniam-se num pequeno cenáculo a partir de 1843, no Café Momus e, a partir de 1849, na Cervejaria Andler, junto à oficina de Courbet, além de outros cafés. Começava a ser muito importante para a arte, assim como para outras actividades intelectuais, este tipo de estabelecimentos, permitindo um tipo de sociabilidade adaptado à vida urbana. Aí se cruzam críticos (Jules-François Husson, dito Champfleury, Duranty, Baudelaire), escritores (Max Bouchon), filósofos (Proudhon), pintores (Courbet, Bouvin, Gautier, Corot, Decamps), caricaturistas (Daumier, Traviés), escultores (Barye, Préault). Alguns tiveram um passado ligado ao romantismo. Era cultivado um ambiente de boémia. Mas todos procuravam a Verdade.

Champfleury, o grande teórico do movimento, (1821-1889) foi o elemento central do grupo da cervejaria Andler. Erudito, coleccionador e estudioso da arte, desenvolveu um método ainda hoje admirado. Manteve grande coerência ao longo da vida.

Em 1848, Champfleury, Baudelaire e Courbet publicaram “A Salvação Pública”, onde se iniciou o desenvolvimento dos aspectos teóricos do Realismo. Entre 1855 e 1857 atingiu-se o ponto culminante da discussão à volta do termo, a partir de uma acesa polémica depois da publicação de um texto de Champfleury, “Carta a Meme Sand”, a 2 de Setembro de 1855. Entre 1856 e 57 editou-se a revista “Realismo”, sob a direcção de Duranty. Em 1857, Champfleury juntou os artigos que escreveu sob o título “O Realismo”, constituindo a principal fonte teórica do movimento. Apesar disso recusou-se a considerar-se o inventor do Realismo.

A maior parte do Público e dos críticos condenou-os, por motivos ideológicos e estéticos. As obras eram consideradas feias, grosseiras e subversivas. Apesar da qualidade que alguns reconheciam em Courbet. Aliás, este só depois de 1855 assumiu o termo.

A fotografia faz, então, a sua aparição, num lento aperfeiçoamento técnico, não sendo ainda visto como um rival, mas antes um auxiliar.


Porque comparar o empirismo com as formigas, o racionalismo com as aranhas e o apriorismo com as abelhas?


Francis Bacon criticou os que ao dedicarem-se à ciência procederam como aranhas (racionalistas) ou como formigas (empiristas), pois, segundo este, "os racionalistas, seguindo o exemplo da aranha, tecem quadros a partir da sua imaginação", ou seja, o seu conhecimento não tem qualquer fundamento real. Já em relação aos empiristas afirma "os empiristas, seguindo o exemplo da formiga, amontoam os factos e apenas usam a experiência adquirida", nomeadamente, obtêm o conhecimento através da experiência, mas não o trabalham, ficando-se apenas pela própria experiência.
Para Bacon devíamos seguir o modelo da abelha para obter conhecimento científico, pois a abelha "colhe o suco do seu mel nas flores dos campos...mas sabe, ao mesmo tempo, prepará-lo e digeri-lo com uma habilidade admirável", ou seja, deveríamos colher o conhecimento da experiência e trabalhá-lo com a razão de modo a podermos chegar à verdade.

Quanto ao apriorismo compara-se com as abelhas pois tal como a abelha, estas, trabalham simultaneamente na construção dos favos e no preenchimento destes com mel, também a ciência trabalha sem cessar neste grande mundo dos conceitos, no sepulcro das intuições, e constrói incessantemente degraus novos e mais favos, dá forma, limpa, renova os favos velhos, e esforça-se sobretudo por encher esta frágil armação monstruosamente alteada e aí arrumar todo o mundo empírico, ou seja, o mundo antropomórfico

Fontes:
  • www.wikipedia.pt
  • Gala, Elísio etc, "Área de Integração", Lisboa Editora